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E quando decidimos partir, mas ainda não chegamos?

02/05/2025
  • E quando decidimos partir, mas ainda não chegamos?


Há momentos na vida em que a decisão de partir se impõe como necessidade. Uma necessidade nem sempre plenamente consciente, mas sentida como urgência interior: partir de uma situação, um lugar, um modo de viver, uma etapa já cumprida. Esse movimento não nasce do desprezo pelo que foi vivido, mas da percepção de que algo mais nos espera adiante. Trata-se de um gesto de abertura, de fidelidade ao que pulsa no mais íntimo — uma convocação ao novo.

Entretanto, nem sempre a decisão de partir vem acompanhada da chegada imediata. Entre o gesto de deixar para trás e o alcançar do novo, abre-se um tempo de trânsito. Um tempo de incerteza, de suspensão, de espera não prevista. A experiência ensina que não se chega apenas porque se decidiu partir. Há fatores que escapam ao controle, há contingências que se impõem. E, nesse intervalo, onde se desejava passagem rápida, instala-se uma morada provisória, uma permanência involuntária.

É nesse espaço suspenso que emergem perguntas fundantes. Não apenas perguntas teóricas, mas interrogações existenciais que, ainda que silenciosas, moldam atitudes e escolhas: o que levou à partida? o que exatamente se buscava ao deixar o que já se conhecia? que sentido tem essa travessia interrompida ou prolongada? o que fazer quando o destino não se realiza no tempo esperado? como escutar o que essa espera tem a revelar? São perguntas que não encontram respostas imediatas, mas que, pouco a pouco, revelam a profundidade da própria jornada.

A vida, nesse sentido, é uma caravana. Não uma viagem isolada, mas um percurso feito de conexões, de aprendizagens, de companhias, de perdas e recomeços. Caminha-se com propósitos, mas também com dúvidas. Com sonhos, mas também com silêncios. Com decisões, mas também com surpresas. É no percurso que a vida acontece. E, muitas vezes, o destino idealizado revela-se menos importante do que o que se aprende no caminho.

Cada passo, cada parada forçada, cada escuta inesperada tem algo a dizer. É no trânsito que se aprende a esperar, a confiar, a discernir. Uma música escutada ao acaso pode se tornar símbolo de um tempo. Uma conversa fortuita pode abrir horizontes. Um desvio pode revelar o que nunca se teria visto no trajeto direto.

Assim, a grande questão não está apenas em saber onde se quer chegar, mas em acolher o que se vive enquanto ainda se caminha. O que está sendo ensinado na lentidão? O que está sendo transformado enquanto se espera? O que se revela de si mesmo no intervalo entre o já e o ainda-não?

Fazer memória dessas passagens é mais do que recordar. É reconhecer o fio que entrelaça partidas, demoras e chegadas. É perceber que o tempo vivido, com seus imprevistos e interrupções, é também tempo de sentido.

E talvez, ao final, a pergunta mais verdadeira não seja se se chegou, mas quem se tornou aquele que partiu. Porque a excelência da existência não reside apenas em alcançar um destino, mas em transformar-se enquanto se caminha.

Por Harlei Noro | Reflexão existencial com apoio GPT.

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