Do Medo à Missão: O Amor que Restaura e Envia

Reflexão sobre a Liturgia do 3º Domingo da Páscoa (Ano C)

O 3º Domingo da Páscoa nos conduz por um itinerário pascal de transformação: do medo à coragem, da queda à restauração, da dor à missão. À luz das leituras (At 5,27b-32.40b-41; Sl 29; Ap 5,11-14; Jo 21,1-19), somos convidados a renovar nossa adesão ao Cristo Ressuscitado e a transformar nossa vida num testemunho autêntico de fé, amor e esperança.

1. Testemunho corajoso: a alegria de sofrer pelo Nome (At 5,27b-32.40b-41)

Pedro e os apóstolos, diante do Sinédrio, reafirmam com firmeza: "É preciso obedecer a Deus antes que aos homens." Mesmo após serem açoitados e ameaçados, saem cheios de alegria por terem sido considerados dignos de sofrer por causa do nome de Jesus. Sua coragem nasce da experiência da ressurreição e da força do Espírito.

→ Em tempos onde a fé cristã é frequentemente marginalizada, somos desafiados a viver com autenticidade e coragem. Testemunhar Jesus no cotidiano — com palavras e, sobretudo, com a vida — pode custar incompreensões e rejeições. Mas é justamente aí que a alegria do Evangelho se revela: na fidelidade silenciosa, na defesa da verdade e no amor perseverante.

+ No concreto da vida, isso se traduz em atos como defender valores cristãos no trabalho, ser ético mesmo sob pressão, promover a justiça social em ambientes hostis, e irradiar esperança mesmo em meio às tribulações. Cada pequeno gesto de fidelidade se torna anúncio vivo da vitória do Ressuscitado.

2. O Amor que restaura e envia (Jo 21,1-19)

O Evangelho apresenta um encontro comovente: Pedro, que negara Jesus três vezes, é agora restaurado pelo Ressuscitado. Três vezes Jesus pergunta: "Tu me amas?" e, a cada resposta, confia a Pedro a missão de apascentar suas ovelhas. O amor, não a perfeição, é o critério para a missão.

→ Em nossas fragilidades e quedas, também somos convidados a recomeçar. Jesus não humilha, mas cura; não recrimina, mas confia. O amor misericordioso do Cristo ressuscitado nos alcança, transforma nossa dor em missão e nossa fraqueza em força de serviço.

+ No cotidiano, recomeçar significa perdoar a si mesmo, estender a mão ao próximo, assumir com humildade e coragem as tarefas do dia a dia. A cada manhã, somos convidados a dizer: "Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo" — e a traduzir esse amor em gestos concretos de cuidado, atenção, partilha e compromisso com a vida dos irmãos.

3. A vitória do Cordeiro: esperança para o mundo (Ap 5,11-14)

A visão do Apocalipse nos transporta à glória do Cordeiro, adorado por uma multidão incontável. O Cristo imolado e ressuscitado é digno de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor. A vitória da vida sobre a morte é celebrada com júbilo.

→ Em um mundo tantas vezes marcado por violências, injustiças e desesperança, a fé na vitória do Cordeiro renova nossa esperança. A história não caminha para o caos, mas para a plenitude em Cristo. Cada esforço de paz, de justiça e de solidariedade é semente do Reino que já cresce entre nós.

+ No concreto, somos chamados a viver como cidadãos da esperança: promovendo o diálogo em tempos de divisão, defendendo a dignidade humana em contextos de exclusão, cuidando da criação em tempos de degradação ambiental. Cada pequeno gesto de amor e justiça antecipa, já agora, a vitória final do Ressuscitado.

Inspiração para o Agir Cotidiano

Neste 3º Domingo da Páscoa, deixemo-nos restaurar pelo amor do Cristo vivo. Se caímos, recomeçamos. Se tememos, renovemos nossa coragem. Se nos desanimamos, abramos os olhos para a glória do Cordeiro que vence o mal com o poder do amor. Testemunhemos, com a vida, que a ressurreição é fonte de alegria, missão e esperança para o mundo.

Por Harlei Noro | Reflexão bíblica com apoio GPT.